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Archive for Setembro, 2010

POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL – Gritos da sociedade

Marcador para a 26ª Semana do Tempo Comum

Neste mês de Setembro, a sociedade tem soltado gritos de dores em diversas celebrações: “2010 Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social”; a Semana de Pastoral Social em Fátima; a Cimeira da ONU em Nova York sobre os objectivos do Milénio – Eliminar a pobreza extrema e a fome; ontem um Encontro na Casa do Oeste, no âmbito do Fórum do Oeste sobre “Pobreza como violação dos direitos humanos”, hoje ouvia na televisão este grito: dois milhões de portugueses carenciados e 24% de crianças não merecem a atenção dos Governantes e aonde é que estão os católicos?

Tantos são os clamores a gritar por justiça…

São clamores o desemprego, o emprego precário, o isolamento dos idosos, a desertificação do interior, o envelhecimento da população, as deficiências do sistema de saúde, o desenraizamento dos emigrantes, etc, etc… resultante de falta de escrúpulos de agentes económicos e sociais, das escandalosas desigualdades entre ricos e pobres.

No ano 2000, 189 países definiram 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio para uma luta eficaz contra a pobreza:

– Erradicar a pobreza extrema e a fome;

–  Alcançar Educação Primária Universal;

Promover a igualdade entre géneros e capacitar as mulheres;

Reduzir a Mortalidade Infantil;

Melhorar a Saúde Materna;

– Combater o VIH/SIDA, a Malária e outras doenças;

– Assegurar a Sustentabilidade Ambiental;

– Desenvolver uma Parceria Global para o Desenvolvimento.

Estes 8 objectivos eram para 15 anos. Passaram-se 10 anos e estão ainda muito longe de serem alcançados. Em todo o mundo há ainda 500 milhões de pessoas que não foram atingidas por este conjunto de programas. Lê o jornal “Voz da Verdade” pág. 7, deste domingo e, no exemplo de Margarida Alvim verás o que se pode fazer. A Cimeira da ONU manifestou vontade de relançar um novo fôlego na luta contra a pobreza.

Aqui, em Portugal, com e pelos dois milhões de carenciados portugueses que vamos fazer ? A Igreja dá algumas respostas com os seus Grupos paroquiais de acção social: Centros sociais, Cáritas, Conferências vicentinas…etc. A Igreja diocesana criou recentemente: o Fundo de Solidariedade Social e o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência. Cada um de nós temos consciência do dever social ? Como vemos, há muito para fazer. Não será, apenas, dar a esmola ao pobre, mas, sobretudo, capacitar as pessoas para alcançarem a sustentabilidade da sua família com o seu trabalho.

A própria “crise” é também uma oportunidade a novos desafios e iniciativas criativas de respostas aos problemas e situações. Isto também implica da parte do Estado um fundo de emergência social e um maior dinamismo das redes sociais, como recursos para viabilizar as acções. Porém isto supõe resolver as causas na raiz com uma nova mentalidade e um novo paradigma na gestão – responsabilidade na partilha e solidariedade na justiça social. Porque o actual modelo económico agrava a pobreza e a exclusão social. Porque a crise, sendo financeira e económica, ela é primeiramente espiritual, moral, ambiental, civilizacional e política.

Temos que romper com o pecado do mundo, egoísmo individualista, trilhando caminhos de conversão pelo desenvolvimento solidário. Cada um de nós, e as nossas comunidades, devemos rever os nossos critérios em relação ao consumo e ao modelo de desenvolvimento. D. Carlos Azevedo dizia na Semana Social que é essencial “a mudança de estilo de vida que implicará compromisso comunitário e revolução na mentalidade dos gestores e dos agentes políticos”.

P. Batalha

A EUCARISTIA É MISSIONÁRIA

Marcador da Palavra para a 24ª Semana do Tempo Comum

Um dia Deus bateu à porta de Abraão e disse-lhe: “Parte daqui! Deixa a tua terra, deixa a tua família, deixa a casa de teu pai. Vai para a terra que eu te hei-de mostrar…Vou abençoar-te…”.

A nossa vocação baptismal enraíza aqui. Pelos nossos pais também, partimos deste chamamento: deixa a terra dos pagãos – renuncia ao pecado…vai pelo caminho que Eu te indicar – Creio em um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo… E pelo Baptismo iniciámos o Caminho da Igreja que é Jesus Cristo. Ele dá-nos a mão: “Quem quiser ser meu discípulo, venha comigo!

Foi assim que a Vera Rato, de mão dada com Jesus, Ele lhe mostrou que deixe por um tempo Ribamar e parta, num voluntariado missionário, para a África e Ele lhe vai mostrar a terra para onde vai. “Faz-te ao largo!”

Sabemos que há aí outros a serem namorados por Jesus, com esta conversa:Preciso de ti. Preciso do teu coração, para continuar a amar. Preciso do teu corpo para continuar a sofrer. Preciso dos teus lábios para continuar a falar. Preciso das tuas mãos para promover os pobres. Preciso de ti para continuar a salvar os homens meus irmãos. Como Eu vos fiz, fazei vós também !. Jesus ensina-nos; faz-nos descobrir que a vida é comunhão, que viver é amar e partilhar.

O nosso Bispo propõe-nos, no Programa diocesano de Pastoral, que a Caridade é um “coração que vê”, mas também um coração que escuta. Escuta os gritos e os anseios de todos os homens nossos irmãos. Por isso devemos “Assumir a Palavra de Deus como luz para a vida.”

Nós recebemos a Palavra de Deus na catequese e na Eucaristia como Luz para a vida. Na Eucaristia, Cristo é para todos nós pão repartido que alimenta a Fé e cria comunidade.

Cristo quer ser o “pão vivo” de todos e repartido para todos. Na Eucaristia encontramos a fonte, o alimento, o projecto e o culminar da Missão: Jesus é o “Pão da salvação” para todos os povos. Na Eucaristia, a Igreja bebe da fonte do coração donde brota o amor e a urgência de O dar a conhecer e servir, em todos os que andam errantes como ovelhas sem pastor. A Eucaristia impele cada crente a ser “pão partido para a vida do mundo”   – “Como eu fiz, fazei vós também !” Por isso a Eucaristia é projecto de solidariedade. Também, hoje, Cristo ordena aos seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt.14,16). Em seu nome, os missionários partem rumo a muitas partes do mundo para dar este testemunho do Evangelho.

Dá-nos, Senhor, um coração atento, capaz de escutar a tua Palavra. Mantém-nos reunidos à volta do Pão e da Palavra. Ajuda-nos a perceber os rumos a seguir. Ensina-nos a fazer da Paróquia uma Casa aberta e feliz, átrio de fraternidade, de Paz e Alegria. Amén ! Shalom!

P. Batalha